terça-feira, 10 de maio de 2011

Formas de Trabalhar com o texto no meio digital

Formas de Trabalhar Com o Texto no Meio Digital

            As práticas pedagógicas e os procedimentos didáticos para ensinar a ler e escrever, no momento atual, vem gerando discussões no sentido de repensar sua eficácia frente as novas possibilidades que surgem com o avanço tecnológico que a humanidade vem desenvolvendo. É necessário voltar a atenção para formas de como utilizar as incríveis possibilidades de oralidade, escrita e o texto na internet, entender o nível de compreensão e de aprendizado que essa nova tecnologia proporciona e fazer a distinção entre o autor e leitor num hipertexto.
            A primeira mudança ocorre na própria interação com o texto, aliás, com o hipertexto, pois ele passa de uma linearidade habitual dos livros impressos para um link de opções, seguindo diferentes caminhos e o leitor precisa tomar decisões e fazer diferentes leituras, como sugere Cláudia Augusto Dias, no texto “Hipertexto: evolução histórica e efeitos sociais” (disponível em http://revista.ibict.br/index.php/ciinf/article/viewArticle/286, consulta em 07/04/2011 as 19:29 hs), onde argumenta que o homem não está mais preso a uma estrutura linear de informação e utiliza uma forma associativa parecida com a memória humana para o acesso a informações, isso acontece através do hipertexto que interliga links de informação em diferentes formatos. Realmente a mente humana parece ter sido a inspiração para o desenvolvimento de tecnologias que começam a despertar reações de estudiosos, pois o bio-chip já é uma realidade e está sendo testado e utilizado em seres vivos, tanto plantas, animais como no ser humano. Ele pretende revolucionar o conceito de humano e transformá-lo num ciborgue. “O bio-chip é um microtransponder baseado na tecnologia RFID, a mesma utilizada para a construção de etiquetas que emitem sinais de rádio...” no corpo humano para fins médicos “O chip tem o tamanho aproximado de um grão de arroz e, uma vez inserido sob a pele, não pode ser visto a olho nu. Cada VeriChip contém um código único de identificação de 16 dígitos que pode ser lido passando-se rapidamente o leitor sobre o local do implante. O número lido faz a conexão com a base de dados por meio de um acesso criptografado à Internet e passa as informações ao médico.” (Disponível em http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010110041025, consulta em 07/04/20111 as 19:43 hs). Outro sistema que promete acolourar os debates é o Mondex (http://www.mondex.com), também já sendo testado no Brasil, oferecendo segurança, conveniência, flexibilidade e controle para a área financeira. Desconhecemos todos os efeitos sociais que essas mudanças tecnológicas vão acarretar para a sociedade, tendo em vista que inúmeras “vantagens” são apregoadas e não pensamos que daqui um pouco teremos um super-computador central controlando a mente dos seres humanos e interagindo em links com a própria mente humana, uma grande rede. Parece que a história de controle de massas começa a tomar vulto em todo esse avanço tecnológico, esperamos que isso não venha nos trazer culpa, como a Santos Dumont por ter construido um avião com “boas intenções”, para depois ser usado na guerra para destruição do próprio homem.
Considerando toda essa evolução e  essa avalanche de informação que levou a  estudos profundos de ergonomia e psicologia cognitiva, haja vista, que as informações e imagens agora “saltam” aos olhos do usuário, é necessário um repensar das práticas pedagógicas e procedimentos didáticos atuais. Para que o desempenho do hipertexto seja eficaz, é imprescindível um estudo aprimorado do efeito que o visual causa no indivíduo, mudando, portanto todo o ensino e desenvolvimento da visualidade. Isto acarreta grandes mudanças na área do saber, os professores, principalmente os da área de linguagens, precisam repensar o estudo das mesmas para “formar” um sujeito leitor e intérprete de imagem.
            Como o hipertexto permite uma troca entre leitor e autor, os papéis dos mesmos se fundem, pois uma matriz de dados é construída na troca de informações e uma nova rede passa a ser criada a cada conexão. O leitor passou a participar ativamente do processo de redação e edição, podendo ainda interferir e traçar novos caminhos imprevistos para o autor. Toda essa interatividade permite a concepção de novas obras coletivas e utilizáveis de maneira mais ágil, ou seja, em tempo real, permitindo uma constante mutação de conhecimentos, idéias, opiniões, etc. Cláudia Augusto Dias, no texto já citado, pressupõe uma nova aprendizagem: coletiva, cooperativa e interativa. O papel do professor tradicional como detentor do saber, que já havia mudado, sofre mais uma progressão e ambos, alunos e professores passam a ter uma nova base de conhecimentos iniciais que se ampliam conforme sofrem os diversos estímulos sensoriais que o hipertexto oferece ao interagir não - linearmente.
            Os níveis de compreensão e de aprendizado permitidos pelo hipertexto obviamente não são iguais a forma impressa, pois na linearidade não há a interatividade entre leitor e autor, embora também permita acesso e informações a glossários e fontes de pesquisa, no formato eletrônico precisa ser orientado para evitar um desvio do foco de atenção e do conhecimento que se quer construir.  Como estamos vivendo um momento de transição entre os fenômenos sociais, culturais e educacionais gerados por todas essas inovações, um desconforto paira no ar, pois os papeis dos atores sociais estão sendo alterados drasticamente, novos aprendizados são necessários, mutações acontecem e aceleradamente, como a educação é a fatia que detém menor investimento e especulação, a ideia é de formigas, trabalhando sem a rainha, perdidas, umas buscando aqui outras acolá o conhecimento para a integração neste mundo virtual de cibercultura e ciberespaço.
            Portanto, uma nova concepção de educação está sendo gerada e requer atenção especial, pois estamos formando alunos para viverem avanços que desconhecemos, para trabalharem em empregos que serão gerados daqui a dois, três anos, para viverem em uma sociedade cultural, social e financeiramente unificada, para acessarem informações tão rápidas e variadas que serão absorvidas pelo cérebro e trarão mudanças nos indivíduos. A sociedade precisa provocar discussões, avaliar esse novo saber e os efeitos que irá provocar nas gerações futuras a fim de evitar grandes erros, pois temos vida curta e precisamos aprender a vivê-la da melhor forma possível, construindo e não destruindo o ser humano, que daqui um pouco estará perdido no meio dessa rede, sem saber o caminho de volta.
Berenice Bitencourt Serra Pereira

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